Sexo Forte?
Um filho doente. Mas doente mesmo. A fazer quimio.
Uma mãe que dorme no hospital, que está sempre presente, que mantém a boa disposição, que recebe as visitas, que fala com os médicos, que ajuda a vestir, a limpar, a comer.
Um pai que está presente sempre que o deixam, que tem de ir trabalhar todas as manhãs mas deixa o coração no IPO, que vem a correr para estar presente assim que pode entrar no serviço, que vai ficando e falando e ajudando no que pode até ser posto na rua lá pelas 11 da noite. Um pai que mete a chave ao carro, que conduz pela cidade abandonada, que entra numa casa deserta e fria onde só vai dormir. Na casa que ainda há duas semanas era o centro da sua vida, onde construíu a sua fortaleza para proteger os seus - que agora nem estão protegidos nem estão lá.
E eu imagino-o a sentar-se na sala, sozinho, sem nada para fazer, sem ninguém para falar, e sem os truques femininos de ir, por exemplo, arear os tachos porque não podemos descarregar em mais ninguém a neura que nos atinge.
Temos mais defesas. Temos mais truques.
Eles nem sequer acham que lhes fique bem chorar.